Acostumar
Pode ser da vida acostumar
Acostumar
À custo mar
Ao mar não existe custo
O custo é viver longe da estação das ondas e de si
E assistir a costa desaparecer enquanto a rotina engole os dias
Preciso construir uma ilha
Ser resgatado por nuvens ou naves
Preciso inventar uma nova linguagem e voltar a só ser
A calmaria ou a calmarítima do ritmo da pluralidade
Que é muito mais singular e lógico
Que à custo mar
Às vezes expressar-se
É como segurar um rojão
Mas sem soltá-los
E sem a beleza e iluminação do espetáculo
Eles explodem aqui mesmo, nas minhas mãos
Do lado de dentro, onde as portas se fecham
Em um estampido tímido e arredio
Mas formam fios dourados
Que entregam muito mais ouro
Que os sete sóis e supernovas
A intensidade condiz com a combustão dos meus sentidos