RAIOS MATINAIS
Esse poema saiu do forno,
saiu do sol, da luz e do amanhecer….
RAIOS MATINAIS
(Rosalvo Abreu)
Mais um novo dia
e amanhecia esplêndido
o amarelo da mimo-de-vênus
junto ao muro do jardim,
dourava-se
nas primeiras horas
daquela manhã.
O vento soprava suave
lambendo a pele,
as penas e as folhas,
trazendo a suavidade
da existência.
O casal de fogo-apagou
brincava sobre o muro,
bicavam-se
amorosamente,
abriam suas asas,
futucavam suas penas
e curavam-se
sob o despertar
de um novo instante
no velho mundo.
Havia um ritual costumeiro
das coisas e dos seres,
sincronia universal,
naquele despertar natural.
Mas, o resto do dia
nos aguardava
com seus idiossincrásicos
desesperos.
O sol sorria leve
e serenamente
nos primeiros raios
do amanhecer.