MARÉ DE CONTRASTES
O que sinto agora, no fundo do meu peito?
Será o mar revolto, em seu eterno despeito?
Ou uma miragem distante, a me confundir?
No íntimo, é o sol que desejo sentir,
Neste vazio sem rumo, a me consumir.
Quero a brisa do mar e seu vento a me redimir.
O sabor salgado do mar, na boca a persistir,
O som das ondas, grave, a expandir,
Brotando das rochas, surgindo na areia,
Quero sentir a maré, sua força que incendeia,
A onda que acolhe, meu corpo a entrelaçar,
E o sol a surgir, após a noite se render.
Desejo a ressaca do oceano, ao meu lado a despertar,
Com o nascer do dia, no horizonte a brilhar.
Olho para a realidade, profunda e sincera,
Entre o desprezo e a felicidade, ela me revela.
Antagonismos que nesta manhã ensolarada se levantam,
Enquanto, de frente ao mar, meus sentimentos se balançam.