FERA - Luiz Poeta Luiz Gilberto de Barros.

FERA - Luiz Poeta Luiz Gilberto de Barros.

Quem repinta um animal dentro de si

e se vê no ser que habita esse animal,

compreende que uma fera até sorri,

ao sentir-se espontânea e natural.

Muitas vezes, na pessoa, há uma fera

perigosa, instintiva, irracional,

entretanto, se o que é mal não prolifera,

mora; nela, um outro ser: o seu igual.

O amor não é um dom domesticável,

ele é livre....sua jaula é um coração

cuja porta vive aberta ao inefável,

quando o sonho alimenta a solidão.

Nossa vida é uma tela...finda a tinta,

só quem vai continuar essa pintura

é o destino... ele sim, sabe o que pinta,

quando a fera se dilui... na criatura.

Certos seres se tornam tão egoístas,

narcisistas tolos e ambiciosos,

mentirosos, falsos e oportunistas,

muito mais que os animais mais perigosos.

Outros tantos, são eternos sonhadores,

voam leves e se soltam pelo ar;

seus algozes são os próprios dissabores

do humano irracional que os habitar.

Numa fera, o amor é protetor, instintivo e sempre territorial,

entretanto, nos humanos, nossa dor,

muitas vezes é pior que a do animal.

Em quem ama, a dor da fera é passional,

entretanto, se essa dor é libertada,

a emoção faz do lirismo sensual,

a leveza de uma fera indomada

Quem não ama o próprio amor

não sente nada,

enjaulada, a fera sofre, indo e vindo.

Quem já viu um animal sofrer sorrindo ?

...liberdade é desenhar a própria estrada.

Os instintos e lirismos se diluem

no afeto intuitivo e protetor

de uma fera; onde as emoções refluem,

toda vez que ela humaniza... o seu amor.

Às 12h e 43min do dia 24 de agosto de 2024 do Rio de Janeiro, registrado e Publicado no Recanto das Letras.