CANTO DA DOR

Aceitei a dor, como aceito a vida,

Não como sombra que tudo consome,

Mas como cinzel que a carne lapida,

Iluminando a alma, defeito que some

Na carne, a dor é um instante divino,

Para repensar o caminho traçado,

Como vinho doce que logo torna-se amargo,

A vida se faz de fases e desafino

A dor aparando, moldando as imperfeições,

Nos torna fortes, resilientes, antifrágeis,

Cresce a alma, desperta as consciências,

Nos valores que a matéria se opõe .

Na solidão da dor, Deus se revela,

Não como ausência, mas presença latente,

No coração, sempre esteve ali,

Esperando o momento da cautela

Pela dor, aprendemos a nos diminuir,

Para que a alma cresça em luz e amor,

E, no silêncio da dor, a paz floresce,

E o espírito se eleva, enfim, ao Criador.

Tião Neiva

TIÃO NEIVA
Enviado por TIÃO NEIVA em 20/08/2024
Código do texto: T8133145
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