À DERIVA

No barco eu sou a bagagem mais densa

que o tempo no dia de hoje não quer saber,

daqueles dias longos, além das 24 horas.

No cais tentei uma despedida do meu coração,

não aceitou, quis comigo viajar, navegar,

e voltar, mesmo que outra vez, sozinho.

A luz branda da lua sobre as águas nuas do mar,

as minhas mãos tremulas de emoção,

no frisson da solidão, se estendem no vazio,

querendo da brisa fria o calor que só eu sinto.

Fugidia, ela escorre e foge entre os dedos,

na direção da distância, sem aproximação.

A cabeça gira e os meus olhos na noite escura

porventura, de doce loucura tudo clareia,

horizontes estremecidos: uma, duas, três, quatro.

No balanço das ondas, um acalanto!

O corpo cansado pede tréguas e quem sabe,

na aurora do amanhã verei as quatro gaivotas

num voo elegante no céu pleno de azul e paz,

na companhia de seus filhos e filhos.

Henrique Rodrigues Inhuma PI
Enviado por Henrique Rodrigues Inhuma PI em 16/08/2024
Reeditado em 16/08/2024
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