Bicho na rua
Andando só e apressado,
À meia luz do luar claro,
Mirei o chão, achei um rastro
De bicho solto, não adestrado.
Na outra rua, assim que entrei,
Ladeira alta eu encontrei,
No topo dela escuridão,
Um ser surgia, assombração.
Descia calmo, subi nervoso,
Fingindo calma, fui cauteloso.
Mostrou os dentes, foi pavoroso,
Palpitação, prendi o fôlego.
Ergueu a pata, ergui a mão,
Não foi ataque, foi saudação.
Continuando a minha jornada,
No peito alívio, cheguei em casa.
Tirei os sapatos, senti o sossego,
Vagava a mente no travesseiro,
"Quem deixou solto?" pensei cabreiro,
"Meu bicho escondo atrás do espelho".