A voz do poeta

o remo bate no casco

chuando chuando a titinga das águas

a escuridão é uma luz ao contrário

e a voz do poeta só chega até aqui...

a rua de plástico deveria ser branca

leva a um porto líquido sem mar

a um porto aéreo sem ar

a um porto concreto sem par

é f-hora do brasil

da casa da frente a castanhola enfrenta

a fiação no poste

a diamantização no porte

da frente da casa

vegetais dão largadas

na piçarra, a pirraça de dias tais

um café passado da hora

a antena do rádio direito engavetada conta

conto do desafiar o tempo

por todo peso que se sente, desenfiando...

o futuro (sere) de telhados brancos

de asfaltos brancos

que os cegos olham...

na voz do brasil a brasa congelou

numa frequência amar-g-ama

os tênis caminham

num caminho o caminhão

com duas manguinhas dentro

aí o ouvido no fóton do anil

resolvendo a regra na regra de três

mentira - solidão

X

verdade - cidade

no pampa dos engenheiros, um rock marajoara

e a voz do poeta só atravessa a rede

de sociedade

de pesca

de dormir

até jáqui.