Corrida
Corrida
O tempo acabou, o mundo noutrora amigo,
agora te devora, luta contra você.
Homem de sonhos, de lutas.
Quantas foram as canções que lhe convidaram a dormir,
Quantos sorrisos lhe deram boas vindas,
Quantos abraços e colos,
Quantos amores, mulheres?
O tempo acabou, derrubou a porta do teu quarto,
roubou teu sono profundo,
Quase azul e eterno, com o cheiro de manhãs chuvosas.
Teus olhos ainda assustados procuram respostas,
fogem do teu reflexo, perseguem tua sombra,
E o mundo te puxa para fora.
O mundo te despe, te lança em uma cadeira, te faz correr
E sem tempo, não consegue mais ouvir os pássaros,
Nem ver os rios, não aproveita a chuva,
Não caminha de mãos dadas na praça, nas calçadas,
não admira a lua.
Tuas costas se envergam, tuas pernas vacilam.
No teu rosto não cabe um sorriso, não cabe paz, nem vida,
Mas é inteligente, tem casa, um carro, ouro, dinheiro que não cabe.
E o tempo, o tempo acabou?
Foge menino!
Leonardo Ramos de Almeida