Um poema contrastante para mudanças e permanências, para (re)começos e fins
Tudo, tudo, nesta vida, passa sobre a terra
E todos, todos, no tempo certo, têm/terão a sua chance/vez
Um novo ciclo sempre se (re)inicia quando um outro se encerra
E assim, vamos seguindo em frente, enfrentando as pelejas, labutando pelo percurso com esperança, vigor e intrepidez
De um lado, uma cidade velha muda, mas o povo, ante o caos, não emudece
E em praça pública, sob o sol ardente, rebate a piada sem graça, resiste, faz protesto, suplica perante a cruz
“Respeitem a história que ora padece”
Um passado relegado à bulhufas, apagado, uma memória agora sem luz
Por outro lado, uma cidade nova, que renasce, progride, se revigora, se embeleza, e o povo enaltece
E as avenidas travestidas de piche anunciam a chegada da nova era
“Pra frente é que se anda”, justifica o histerismo coletivo, que repete isso como se fosse uma oração/reza, pois tudo muda, nem mesmo o nada permanece
E a “trupe da nostalgia”, que alguns insistem em chamá-la de “turma do atraso”, atura, persevera e o passado ainda venera
Seja bem-vinda, Dona Modernidade, mas lembre-se que ainda há logradouros sagrando lama e esgoto
Chegue logo, Seu Progresso, que faz tempo que te esperamos, venha iluminar a escuridão arruada e plantada nas nossas cabeças com apreço e sem preço
E que entre o drama da mudança e a incerteza da permanência, prevaleça a aura popular, seja ela de mau ou de bom gosto
Talvez agora, já fadados, o que precisamos mesmo, é de um bom fim para podermos celebrar, de fato, um bom (re)começo.