Sobre pedras e memórias

E nem eram as pedras drummondianas

Mas elas estavam no meio do caminho

No meio duma história que ora se esvai, diluída no átimo das semanas

Revirada pela força motriz da máquina, que derruba árvores e sombras, que assombra e afasta o ébrio, o sóbrio e o passarinho

É a rua pelada com sua cruz erguida, desnudada pela iminente modernidade

Que chega sem encalço, descalçando, tirando a velha roupa de pedra

Apagando os luzes do passado, escurecendo as mais eminentes memórias da cidade

Mas alegam que é progresso, uma nascente prosperidade, uma nova era que se medra

E há futuro sem passado? Que venha o novo, mas sem precisar devastar velhos patrimônios (de novo)

Que nossas reminiscências sejam respeitadas e resguardadas

Que as páginas do livro vivo da nossa história registrem a memória do nosso povo

Seja ela sobre árvores, sobre pedras, sobre ruas e praças, seja sobre calos e pegadas.