Preto vivido

"Nossa, sua filha gosta de estudar".

Estudar não sei se gosta não,

Mas ela tem tanta raiva de ser pobre

Que estudar era a única opção.

Não que isso mude algo,

Na verdade, preto é pobre,

Rico é branco,

E branco pobre, é otario.

Pra branco é mais tranquilo;

Nunca cheguei na casa de preto,

E vi branco lavando a roupa de seu filho.

Branco de terno é banal,

Em qualquer lugar é legal;

Preto de terno, a última vez que vi foi no próprio funeral.

Oh, raça maldita!

Não se salva,

Nasceu preta, Não serve;

Nasceu branca, é servida.

O preto,

Trouxe o samba;

Trouxe a cultura;

Trouxe a trança;

Trouxe o batuque;

Trouxe a dança.

Só faltou a esperança,

Do final dessa arrogância.

Preto nem pra ser poeta alcança.

-Eu, Geovanna.

Eu Geovanna
Enviado por Eu Geovanna em 12/08/2024
Reeditado em 12/08/2024
Código do texto: T8127474
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