Preto vivido
"Nossa, sua filha gosta de estudar".
Estudar não sei se gosta não,
Mas ela tem tanta raiva de ser pobre
Que estudar era a única opção.
Não que isso mude algo,
Na verdade, preto é pobre,
Rico é branco,
E branco pobre, é otario.
Pra branco é mais tranquilo;
Nunca cheguei na casa de preto,
E vi branco lavando a roupa de seu filho.
Branco de terno é banal,
Em qualquer lugar é legal;
Preto de terno, a última vez que vi foi no próprio funeral.
Oh, raça maldita!
Não se salva,
Nasceu preta, Não serve;
Nasceu branca, é servida.
O preto,
Trouxe o samba;
Trouxe a cultura;
Trouxe a trança;
Trouxe o batuque;
Trouxe a dança.
Só faltou a esperança,
Do final dessa arrogância.
Preto nem pra ser poeta alcança.
-Eu, Geovanna.