Pecador Ungido
Sob o manto sagrado ele caminha,
O pecador ungido, em sua trilha errante.
Seu toque é profano, mas a coroa brilha,
E na sombra da unção, segue adiante.
Suas mãos sujas do sangue da mentira,
Mas os olhos alheios fecham-se ao erro.
Ele dança na linha fina da ira,
Com a bênção da unção, nada é desterro.
A justiça o procura, mas não o alcança,
Pois a unção, como um escudo, o protege.
Seu pecado ecoa, mas a voz balança,
E na surdez dos outros, ele rege.
Mas o que é a unção senão um véu,
Que encobre a alma da própria verdade?
O pecador ungido olha para o céu,
E, sem ser punido, prega a falsidade.
Mas o tempo é sábio, e a verdade vem,
Rasgando o véu que oculta a iniquidade.
O pecador ungido, sem ninguém,
Verá que a unção não compra a eternidade.