Entropia
A natureza do movimento,
Que a todo instante vou vivendo,
O escoar do relógio de areia,
A ferrugem que vai corroendo.
Declínio da força e forma,
Um enfraquecimento.
A vitalidade que definha,
Um desfalecimento.
O pulsar de cada ciclo,
O golpe e o amortecimento.
Começo, meio e fim,
De todo acontecimento.
O afastar das aparências,
O desprendimento.
A decomposição de partícula,
O envelhecimento.
Porque essa lei é assim,
Esgotando nosso enriquecimento?
Nos tirando a árvore da vida,
Mas oferecendo a do conhecimento.
Seria um efeito da queda,
Pra saber que tudo tem fim?
Que existem apenas momentos,
O tempo presente, simples assim.
Ou seria apenas precaução,
Contra nossa humana vaidade?
Pois ganhamos a luz da razão,
Mas se perdeu a imortalidade.