Vícios
Não dormiu a morte, tanto, estonteante, o ébrio ruiu.
Espatifou se em chão, nem sentiu a pedra dura.
O sangue era tinta, uma moldura de arrastar, um corpo pende de sono.
E de gargalo e soluço, se engasgou, dormiu de bruços, engoliu o vômito azedo.
Não era um demônio, todavia, arderam os olhos, e vermelhos de assustar.
Descabelada, a esposa, manca e feia, como mariposa sem asas e beleza.
O filho chorou de sentido, a lágrima, era um sal, um ácido junto à cana.
Oh, aguardente, que aquenta, sedenta a goela que trinca, que fere a carcaça que mata.
E mente, vagando à esmo, que chora de açoites, nas noites, nos dias que nem percebe.
Tais vícios, gargalos e cheiro, aromas de mato falso.
Sem sol e sem norte, se debate a alma e obscura, caminhos de cambaleios.
Não dormiu, a morte, tanto...
João Francisco da Cruz