Mulher sem rosto
Teu ímpeto olhar
Me fuzila no andar
Me molha de raiva
Me seca a felicidade.
Antes um herói sem capa
Do que um antiherói figurado
Um rosto aberto, desfigurado.
Um romance falecido.
Uma indiferença disfarçada
Um ataque de silêncios cortantes
Me indicam inveja mascarada
Me entregam desesperos uivantes.
Do teu ápice ao apageu
Me trancaste num sonho, exilado
Encarcerou-me da tua compaixão
Tal qual me prometeu.
Me teceu linhas de conexões inseguras
Teus sorrisos esconderam-se em penumbras
Teus olhares são frios como Urano
Teus movimentos são radioativos como Urânio.
Me permita sentir o que não sentiu
Me permita ser o que não pôdes ser
Me permita ser respeitado como você nunca foi
Me permita aquilo que não te permitistes.