Se eu ouvisse o pisar dos meus sapatos,
Minhas andanças,
Minhas lembranças.
Se os pássaros me dessem licença para voar.
Se o mundo fosse leve como a alma de uma criança.
Se as esmeraldas estivessem em todos os olhares.
Se os lugares que conheci
Fossem os lugares que sonhei conhecer.
Se nada fosse assim, desse jeito,
Com tantos defeitos...
E lentamente fosse se diluindo
Qualquer sentimento de dor.
Se a porta do mundo se abrisse
Para que a paz pudesse entrar.
Se sonhar se tornasse lei.
Se cada estrela do universo
Brilhasse ainda nas manhãs.
Se as coisas fossem assim
Uma coisa boa, sem fim...
As pupilas exaltadas pela paixão
Aos golfinhos saltando nos oceanos.
Se o Sol varresse a escuridão.
Se meu coração acreditasse
Que todo o mal do mudo fosse acabar.
Inverno e verão, a mesma estação.
Loucura ou inação, a mesma invenção.
Engano ou intenção, a mesma emoção.
Se as palavras fossem sempre
Cheias de boas intenções.
Se eu pudesse mudar
Por onde escorre
A areia da ampulheta.
Se eu seguisse em linha reta
Rumo à imensidão.
Se existisse a canção
Que despertasse a razão.
O mundo rodopiando de tanto rir.
Abraços em laços desfeitos
E perfeitos beijos de amor.
Se meus olhos avistassem
O fim de todas as aflições.
Ainda assim nada seria perfeito.