EUCARISTIA
Fotografia.
Insólito espelho, todos feitos de algum disfarce.
É domingo. Como de costume em tudo há um detalhe de hipocrisia.
Sentimentos tão aturdidos. Aquela reunião de família.
Propaganda de margarina: que ninguém saiba os bastidores.
Segredos são a base dos sorrisos mais sínicos
[Certas reputações, cintilam mais que estrelas.
Domingos são assim. Na foto, nos sustentamos por um flash!
Digo adeus sem nenhum verbete.
Fumei, mas nem gostava de fumar, era mais um charme mesmo.
Me vesti naquela saia, que tanto incomodava por nada. Nem agradei ninguém.
Usei aqueles óculos na cara e dissimulei um problema comum!
Me escondi na penumbra, senti-me colhida na sombra.
Era só uma criança!
Dependurei aqueles colares, usei vermelho e não era a minha cor preferida.
Ainda usei barba e bigode. Cabelo curto que odiava.
Viver é esse trote torpe. A fotografia eterniza gafes, fantasmas e teatros.
Verdade de verdade é sempre imprópria.
Assim, menti, morri, menti e morri. Quase vivi. Tão tanto faz que era, morri numa
segunda-feira.
Ninguém viveu depois disso.
Fotos antigas me deixam horríveis.