AO VOO DA COBRA CORAL
- Homenagem a Ildo Simões -
Queria ter
a força da cor
que cora a tez
da cobra coral
que rasteja,
desliza e circula
o verbo primordial.
Amo quando armas
um bote, um mote
para um belo poema
ou um súbito repente.
Buscas o canto
e a poesia mansa
- punhal e ternura -
e pelo caminho
trocas o teu manto,
pias (falas e gritos)
e vertes gotas de veneno
que matam ou curam.
Teu destino
são voos longos,
poéticos, certeiros,
inéditos ou errantes.
Farejas à toa
o teu rumo
e com a tua
língua ardente
e sem asas,
simplesmente,
voas.