Lápide silenciosa
há muito ela era o pouco que tinha
mas morreu mais cedo do que se dizia
e sua alma se perdeu na névoa marinha
erguida do abissal da âncora que se ia
tirou da parede o home sweet home
do coração, lacrou as janelas e a porta
e sepultou sob uma lápide sem nome
verde-esmaecida, a esperança morta
chorou desesperado tempos tão doídos
como fossem castos seus olhos congestos
prostrado à muda testemunha defunta
não pôs epitáfio, fotografia ou data
temia que ao se exumarem seus restos
achassem ali os seus sonhos perdidos
-- esse soneto foi publicado em meu blog pessoal (https://antoniobocadelama.blogspot.com/) em 18/07/24 --