República das rãs

Entre a lama e o caos

As rãs em seu império

Não conhecem o mundo externo

Organizam suas existência no lodo

Um poço abandonado

Uma velha fazenda vazia

A República das rãs

Com Senado e Conselho Federal

Mas um visitante emplumado foi beber água

E comouveu-se com os estágio da escuridão anfíbia

Quis lhe apresentar a luz

Contou causos e lhes escreveu epístolas

Mas o Concílio de Trento não gostou nada dessa situação

Havia um intrusa ideologia em formação

Inventou-se uma forma de inquisição

E o pássaro acabou sendo afogado

No fogo inquisitorial

Seu bico foi exposto

Serviu de lição

Os pequenos girinos não podem nutrir essas ideias perigosas

O mundo é apenas o fundo do poço

O mundo é o que sabemos

Todos são presos a uma ideologia

E não há lugar para fantasias

Fora há apenas o diverso

E isso é uma adversidade

E as rãs viveram felizes por mais duas semanas

O velho poço foi entupido

Pelo novo dono da velha fazenda

(Inspirado no conto das Rãs e do Pintassilga, presente no Livro "Conversa com quem gosta de ensinar" Rubem Alves - 1981)