Capitães de areia

A política do costumes

Fabrica insuficiência governamental

É difícil respirar

Abundância de desistência

Caridade também têm seu lado lamaçal

E os meninos de rua

Sentem a verdade instantaneamente

Sabem a distância entre os decretos

E o concreto que lhes servem como cama

As páginas dos jornais

Aquecem a carne crua

A alma nua

Agora estão juntos

A fonte e o assunto

Capitães de areia

Correndo no asfalto

Entre os carros e semáforos

Breves momentos de arte

uma nova espécie de quilombo

Nos escombros da humanidade

Querem construir um mundo civilizado

Nesse castelo de cartas marcadas

Meninos e meninas no frio da noite violenta

Aquecem suas almas com ódio da pátria desalmada

Capitães de areia

São problemas para higienização social

Perturbam a rotina dos contribuintes

Estragam a paisagem do cartão postal

E mais um desapareceu

Foi pego pelo capitão do mato atual

Ninguém nunca mais o viu

Viajou no sentido literal

Mais um dia finda

Jorge Amado já se foi também

Mas os capitães de areia persistem na existência

Enfrentando a pátria com desdém

Deixem-me vir às criancinhas, pois o Reino dos céus pertence a elas.

Marcos Frank
Enviado por Marcos Frank em 16/07/2024
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