Masmorras

Começo um poema

sem saber o que dizer pra mim,

por que já não encontro palavra.

Discutamos o que é belo:

seria a beleza o esculpir,

ou desenhar,

ou escrever?

Seria a beleza um poder?

A beleza, senhores,

ela só existe

no que nasce assim de repente,

brota dentro da gente!

O desejo de conhecer,

de fazer algo que seja seu,

de errar ou acertar,

tentar... sempre tentar!

E querer.

Mas querer com a alma!

Amar a arte,

a ciência,

a beleza da existência inumana,

que o humano repugno!

Mas o que me atrai

é isso de falar da morte,

de destruir e recriar!

E eis que surgem letras vindas das masmorras.

Elas correm pelas linhas,

rodopiam na ponta da caneta.

Sustentam minha vida

em sua loucura.

E vejo a beleza disso.

Um gota de tinta

se veste pro baile,

desfila na folha em branco,

e com seu canto

me acorda mais uma manhã!