Breve ensaio sobre a vida cotidiana
Nas primeiras luzes do amanhecer,
A aurora se espalha pelo céu,
Riscando de dourado o véu
Que separa a noite do viver.
Os sonhos, ainda frescos, dançam,
Nos cantos ocultos da mente,
Pintando paisagens, sementes,
De esperanças que nos alcançam.
Cada estrela que se apaga,
Deixa um rastro de memórias,
Contos, lendas e histórias,
De uma vida que não se estraga.
O vento sussurra segredos antigos,
Nas folhas que balançam suavemente,
E na alma da gente, docemente,
Despertam-se desejos amigos.
No auge do dia, o sol é rei,
Iluminando cada caminho,
Onde andamos sem desalinho,
Procurando o que a vida tem e dá.
O calor aquece, revigora,
As sombras se encurtam, claras,
E a vida, em sua dança rara,
Se abre, floresce, se demora.
Cada passo dado na estrada,
É um verso escrito na terra,
Um testemunho que encerra,
Nossos feitos e nossa jornada.
A natureza canta, plena de cor,
Em sinfonia com o vento e a flor,
E nós, ouvintes, com fervor,
Sentimos a magia do amor.
Quando o sol se põe, lentamente,
E o céu se tinge de laranja e violeta,
A alma, em sua quietude discreta,
Reflete sobre o dia que se sente.
As memórias do vivido afloram,
Em ondas suaves de melancolia,
Cada riso, lágrima e alegria,
São ecos que no coração moram.
O crepúsculo, com seu manto,
Envolve-nos em paz e calma,
Dando um repouso à alma,
Que encontra em si seu encanto.
As estrelas começam a brilhar,
Faróis na vastidão do universo,
Guiando-nos em nosso verso,
Para onde os sonhos vão morar.
A noite chega, misteriosa e bela,
Com seu manto de silêncio e escuridão,
E em cada sombra, uma emoção,
Que desperta, sutil, sem janelas.
Os segredos guardados no peito,
Florescem sob a luz da lua,
Cada estrela, nua e crua,
É um desejo, um anseio perfeito.
A brisa noturna acaricia,
Com toques leves, quase etéreos,
E os sonhos, antes tão sérios,
Se libertam em pura fantasia.
No abraço da noite encontramos,
O consolo para nossas dores,
E nas estrelas, nossos amores,
E esperanças que nunca abandonamos.
Assim, no ciclo eterno do tempo,
Vivemos, sonhamos, sentimos,
E na poesia de nossos caminhos,
Encontramos sempre um novo alento.