D I Á S P O R A
Quando a janela se abriu e a luz da autoconsciência
cegou-me o ego… enxerguei-me como um verme
decrépito que degustou o pobre cadáver.
Ah! Que dor forte sofrida, a ponto de saltar-me ao
dorso, este meu coração taquicardíaco. Pelo amor dos
deuses: cálice… cale-se. Deixei-me retornar ao passado.
Faria tudo diferentemente, diferença.
Nada. O silêncio trespassou-me o peito a ponto de
minha alma a estreita solidão… devorado fui pelo
lobo interior, transformado em cordeiro.
Debrucei-me sobre minha morte, a ponto dessa dor
tornar-me cinzas. Voa fênix. Abismo eterno do eu com
com o teu, perdido no nosso. Assim a novela saltou-me
aos olhos. Só restou-me as lágrimas.
Nada curará tamanha ferida… essa úlcera intrépida.
Purulenta… tenho que debridá-la.
Reconheço… foi meu incônscio, que badalei as setes
pragas do Egito:
gafanhotos,
sapos,
sangue,
lepra,
granizo,
moscas,
piolhos,
peste nos animais,
trevas e
morte dos primogênitos.
E ao final…
O crucificado permanece na gólgota.
Enquanto meu braços tocam o chão deserto
do meu desespero.
Aguardo ressurgir o sol,
porque a noite é longa.
Eugênio Costa Mimoso.
18.12.23