LUA E SOL
Ainda não sou um grande poeta
Capaz de declarar as mais lindas poesias,
Apenas registro algumas passagens
Nas belas miragens
Que possuímos no dia-a-dia.
Retrato o fato
O feto
O teto
O mato.
Não sou assassino,
Apenas assino
Alguns pedaços de mim em refúgio
Ou de volta ao prelúdio de primavera
Na espera do sucesso
De uma poesia engomada
Como terno de casamento
Entre lua e sol em caracol
Ou em Brasília no lago norte
Nesta ilusão bendita sorte
De eu estar aqui escrevendo
Algumas palavras soltas no ar
Como grãos na praia do mar
Formando a força gravitacional
Que une sol e carnaval
O brasileiro e o futebol
Eu e a poesia que me invade
Deixando-me assim:
Louco por mim e doido por ela
Na passarela do pensamento
Onde realizo meus sonhos
E busco a razão de se viver neste país
Em que poucos são privilegiados.
A poesia é fio condutor de meu pensamento
É a essência do meu viver bem
É o mal saindo pelas frestas da janela
É tudo no meu caminhar capenga
A vida de minhas ilusões
Que dão forças para o meu viver de bem com a vida.
Mas ainda não sou um grande poeta
Apenas rabisco algumas palavras
Deposito todo o meu ser interior
Em cada palavra que escrevo com amor.
O amor em mim é como cabelo
Nasce e cresce rapidamente
E o distribuo ao mundo
E a palavra é meu instrumento.
Meu caminhar capenga
Esconde uma fortaleza interior
Capaz de mover montanhas
E elevar-me ao céu
Quando se menos espera,
Saio sob os pés dos animais
A procura da integração
Do meu ser interior por ti
Nas acontecências da vida
Neste luar quase incerto.
Brasília – DF, 1999