DILEMA

Fui sacudir a poeira de um velho poema

E deparei-me com um antigo dilema:

Investir na surrada paixão e nela me esbaldar

Ou na razão rastejar a penosos passos!

A paixão tem essa mania covarde

De subtrair à razão ou torná-la oculta.

Já a razão, quando se sobrepondo,

Costuma petrificar frágeis corações,

Naturalmente ávidos por amor.

A paixão humana costuma mergulhá-lo

Patologicamente a ruína.

O óbito normalmente acompanha seu autor

Ou o condena a viver sem razão de ser.

Só a razão não nos é razoável, a meu ver.

Sistematiza em demasia o sujeito que dela se apossa.

Creio que a única paixão aceitável e de infinito valor

É a que dela culminou com o maior ato de amor:

A paixão de Cristo, o Nosso Senhor!