Poema inacabado
Breves linhas
Um rascunho
De cunho pessoal
De acordo com a moral
Um poema que não tem ponto final
Reticências, vírgulas
Mas conta de forma literal a inconclusão do ser
Pode parecer pretensioso
Escrever e pretender não terminar
Quem de nós querermos acabar a tenssintura da linha ?
A meta é não respeitar a métrica
Esticar ao máximo...
Com licença poética ou não
Não importa a confusão
Quero mesmo é chegar no final do caderno e comprar mais folhas
Canetas novas
Não, isso não é uma anedota
Desrespeitar o roteiro requer riscos e rabiscos
Um estratagema sem pena
Uma pena, tinta e insônia
Delongar
Sou um rascunho sem sonho de ser arte final
Só não quero o final
Quero ficar na mesa dos jogos
No caderno do fiado
Contando conversa
Escutando o barulho da feira
Ser o papel da pipa
O documento da repartição
O embrulho que enrola o pão
Seguir na propaganda
Na escrita da novela
Na letra das canções de uma velha banda
Quero ser um poema inacabado
Com possibilidades de ser continuado
Amassado e reaproveitado
Enquanto ocorrer um poeta encantado com a vida
Minha sina continuará
Serei sempre um poema inacabado