Poema inacabado

Breves linhas

Um rascunho

De cunho pessoal

De acordo com a moral

Um poema que não tem ponto final

Reticências, vírgulas

Mas conta de forma literal a inconclusão do ser

Pode parecer pretensioso

Escrever e pretender não terminar

Quem de nós querermos acabar a tenssintura da linha ?

A meta é não respeitar a métrica

Esticar ao máximo...

Com licença poética ou não

Não importa a confusão

Quero mesmo é chegar no final do caderno e comprar mais folhas

Canetas novas

Não, isso não é uma anedota

Desrespeitar o roteiro requer riscos e rabiscos

Um estratagema sem pena

Uma pena, tinta e insônia

Delongar

Sou um rascunho sem sonho de ser arte final

Só não quero o final

Quero ficar na mesa dos jogos

No caderno do fiado

Contando conversa

Escutando o barulho da feira

Ser o papel da pipa

O documento da repartição

O embrulho que enrola o pão

Seguir na propaganda

Na escrita da novela

Na letra das canções de uma velha banda

Quero ser um poema inacabado

Com possibilidades de ser continuado

Amassado e reaproveitado

Enquanto ocorrer um poeta encantado com a vida

Minha sina continuará

Serei sempre um poema inacabado

Marcos Frank
Enviado por Marcos Frank em 06/07/2024
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