DIAS DE FOGO ARDENTE
Ninguém mais vem comigo.
Vivo em amargura.
Não encontro pastagens para minhas ovelhas.
As lágrimas inundam minha face.
Meus melhores amigos me traíram.
Sou apenas a fronteira entre o tudo e o nada
Que perpetua em meu simples caminhar.
Sou encarregado nesses dias de males
E vida errante,
De não curtir as delícias dos tempos idos.
O presente é uma enorme sujidade.
E me encontro totalmente ao seu meio.
Fiquei na esquina do passado.
Escondo o rosto por entre o fogo
Que me devora aos poucos.
O caminho que existe
É igual a dor que me atormenta.
E por tudo isto, não sei para onde ir
Só sei que tudo foi por água abaixo
E a enchente carregou meus sonhos bons.
Não sei por onde começar tudo de novo.
Não sei se ainda há tempo do novo recomeço.
Mas sei que a vida continua
E meu caminhar ainda reina,
Apesar dos obstáculos que sempre existem,
Postos pelos invejosos de plantão.
Os invejosos são incompetentes
Morrem de vontade de ser a gente,
Mas não gostam de pegar no pesado;
Não gostam de se sacrificar por nada,
Apenas quer pegar o bonde na estrada,
Sem ter que pagar nada,
Já que se acham espertalhões
Querendo viver a vida de medalhões
Sem ter que lutar pela conquista.
Campinas – SP, 2022.