EU SOU O QUE SOU
Desde a mais tenra idade, me vi diferente
Isso se encontrava na essência
Já imaginava a verdade, ainda que bem inocente
Não entendia direito, não tinha vivência.
Mas na busca de um céu inacessível
Que supostos santos fiscalizavam,
Decidi negar o que não era possível
Eu me aprisionei, eles me aprisionaram.
Na busca de aceitação, que não a minha
Estava impedido de ser quem era ,
Fui me entregando a tristeza, cultivando erva daninha
Estava fadado a ser quimera.
Cheguei a achar que a ferida seria por toda a vida,
sem experimentar um tipo de amor , a existência ia perdendo a cor
Mas meu nome é Rafael
E o que cura a alma vem do céu.
Alguém me tratou sem condenação,
como um certo Mestre ensinou,
Vi um céu maior do que a pretensa religião pregou
Abracei um universo em expansão.
Então não tive mais culpa, recebi paz
Me tornei o que sempre fui pra me distinguir do que não queria mais
Não tinha mais peso de esconderijos e armários
A vida voltou a ser festa em episódios diários.
Muito além de sexo, muito além de nexo
A personalidade em completude
Tive orgulho de mim
Que bom viver isso antes do fim.
Como é bom tudo ter um novo olhar
Sou um mago com a magia de ressignificar,
Transformar dor em amor
Abandonar o rancor.
A vida já tem a medida do seu sofrimento
Não tem porque não expressar o que é sentimento
Ainda que se tenha que lutar
Pelo direito constante de poder amar.
O que não é possibilidade de escolha
Não deve ser alvo de mera opinião
Não aceite a restrição da odiosa bolha
Sabemos quão intensa é a vida e o coração.