A Fome
Obscena
Não sai de cena
É letra e fonema
Está nos decretos
Na carta pequena
Sempre esteve perto
Na inflação
Na repartição
No lixo do mercado
No lucro
No assalto
Desemprego
Desperdício
Na beira do precipício
Na virtude butista
A fome é masoquista
Uma face humana
O paradoxo da lavoura
Semente do mar de lama
A fome é um cavalheiro
Que não está a procura de dama
Horrenda como uma crise
Um crime coletivo
Uma doença injustificável
Possui endereço e telefone
Muitos rostos
Vários nomes
Um deles é egoísmo
A indiferença que nos consome