A Fome

Obscena

Não sai de cena

É letra e fonema

Está nos decretos

Na carta pequena

Sempre esteve perto

Na inflação

Na repartição

No lixo do mercado

No lucro

No assalto

Desemprego

Desperdício

Na beira do precipício

Na virtude butista

A fome é masoquista

Uma face humana

O paradoxo da lavoura

Semente do mar de lama

A fome é um cavalheiro

Que não está a procura de dama

Horrenda como uma crise

Um crime coletivo

Uma doença injustificável

Possui endereço e telefone

Muitos rostos

Vários nomes

Um deles é egoísmo

A indiferença que nos consome

Marcos Frank
Enviado por Marcos Frank em 27/06/2024
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