Carta ao meu pai...
Por favor vejam um caso verídico ocorrido num hospital de São Paulo, para que os pais entendam o sofrimento de um filho destruído pelas drogas.
Vou transcrever aqui uma carta que um filho escreveu para o seu pai, poucos dias antes da sua morte.
É um caso verídico ocorrido no Hospital 23 de Maio em São Paulo.
"Pai, Acho que neste mundo ninguém chegou a descrever o seu próprio cemitério. Não sei como o meu pai vai recebe-lo. Mas preciso de todas as minhas forças enquanto é tempo. Sinto muito, meu pai, acho que este diálogo é o último que tenho com o senhor. Sinto muito mesmo. Sabe pai... Está em tempo do senhor saber a verdade que nunca suspeitou. Vou ser breve e claro.
O TÓXICO ME MATOU, meu pai; travei conhecimento com meus assassinos aos 15 para 16 anos de idade. É horrível, não pai? Sabe como nós conhecemos isto? Através de um cidadão elegantemente vestido, bem elegante mesmo e bem falante, que nos apresentou o nosso futuro assassino: o tóxico.
Eu tentei, mas tentei mesmo recusar, mas o cidadão mexeu com o meu brio, dizendo que eu não era homem. Não preciso dizer mais nada, não é...? Ingressei no mundo do tóxico.
No começo, foram as tonturas, depois o devaneio e a seguir a escuridão. Não fazia nada sem que o tóxico estivesse presente. Depois veio a falta de ar, medo, alucinações, depois euforia novamente."
Eu sentia mais do que as outras pessoas e o tóxico, meu amigo inesquecível, sorria, sorria... Sabe pai, a gente quando começa, acha tudo ridículo e muito engraçado.
Até Deus, eu achava ridículo. Hoje neste hospital, eu reconheço que Deus é o ser mais importante no mundo. Eu sei que sem a ajuda d’Ele eu não estaria escrevendo o que estou.
Pai, o senhor não pode acreditar, mas a vida de um toxicômano é terrível. A gente se sente dilacerado por dentro. É terrível e todo jovem deve saber disso, para não entrar nessa. Já não posso dar nem três passos sem me cansar. Os médicos dizem que eu vou ficar curado, mas quando saem do quarto balançam a cabeça.
Pai... Eu só tenho 19 anos e sei que não tenho a menor chance de viver; é muito tarde para mim, mas para o senhor, pai, tenho um único pedido a fazer: diga a todos os jovens que o senhor conhece e mostre a eles esta carta, diga a eles que em cada porta de escola, em cada cursinho, em cada faculdade, em qualquer lugar, há sempre um homem elegantemente vestido, bem falante, que irá mostrar-lhe o seu futuro assassino, o destruidor de suas vidas e o que levará à loucura e à morte como eu. Por favor, faça isso meu pai, antes que seja tarde demais também para eles.
Perdoe-me meu pai... Já sofri demais. Perdoe-me por fazê-lo sofrer também pelas minhas loucuras.
Adeus, meu pai..."
De um comentário a um texto meu: Da amiga Poetisa ANGELICA GOUVEA há 15 anos.