Farmácias

O vazio,

Apenas o vazio.

Questões óbvias são anedotas descartadas

Estamos girando ao redor de um núcleo vazio

Por um fio.

É sempre por um fio

Tanto frio existencial colocado como normal!

Entre o matadouro e o curral

Formamos o bloco dos condenados

Perdidos na selva de pedra

Num oceano profundo de mediocracia

O vazio.

É sempre o vazio

São tantos excessos para tentar disfarçar

E ele sempre nos olha no espelho

Sem muito desejo e com algemas cada vez mais fortes

Perdemos o rumo do futuro

Agora a involução dita a lição

Cada um com espetáculo

Cada um com seu cansaço

O mundo anda cheio de farmácias

E nunca estivemos tão longes da cura

Dopamina em cada esquina

Rivotril e adreanalina

Cada dia é uma guerra

Esquecemos dos sete palmos de terra que nos esperam, indiferentemente.

Vou procurar uma farmácia

Achar um remédio pra minha alma antiga

Que não acostumou-se ao ar tóxico da pós-modernidade

É imperativo lutar contra a toxidade desses tempos

O vazio é um rio em que muitos se afogam

Nade contra essa correnteza

É talvez isso que nos sobra

Marcos Frank
Enviado por Marcos Frank em 25/06/2024
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