CRIATURAS DAS NOITES ESCURAS
Cães ladram pelas noites escuras
E figuras obscuras arrastam-se pelo chão.
Amaldiçoam a aurora e temem a luz do sol,
Seguem resignadas, sem outra opção.
Povoam nossos medos e conhecem nossas fraquezas
E ironizam a clausura que a noite nos traz.
São nossos recalques, traumas, complexos e incertezas;
Criaturas oriundas do nosso desconhecido eu.
Fitei-as certa noite pelo vidro da janela,
E reconheci todas as faces, inclusive a minha,
Que cobrou minha posição, instigou minha covardia.
E antes que o galo a aurora anunciasse,
As criaturas foram-se, menos a minha,
Que forte e valente, encarnou-se em meu corpo.