POETA TRISTE

Ainda restam algumas palavras simples

Ainda sou pequeno poeta querendo ser

Uma grande estrela meio a escuridão

Mas a escuridão não existe!

O que existe é o ângulo

Primado por este ou aquele ponto de vista.

O ponto de vista de cada um

É o somatório de suas experiências

Adquiridas durante a vida,

E não cabe a ninguém

Destruir tudo o que já se construiu

Em relação ao que cada um pensa que pensa.

Não conseguimos compreender algumas

Palavras simples, mas simplesmente

Ignoramos o real e a estrela que

Existe em cada um se apaga,

Pois são enforcadas todas as possibilidades

De termos uma pequena luz

Na escureza da vida

Que seja capaz de nos mostrar

O verdadeiro caminho a ser seguido.

Somos a quem não se mata

Mas somos mortos por eles

Mesmos assim continuamos firmes

Buscando palavras simples

Para dizermos o que sentimos por dentro

Nesse país que não respeita o pensar verdadeiro

E dá espaço às mentiras multiplicadas por milhões

De cliques de idioters

Que enaltece um imprestável,

Destruindo tudo de bom que há na terra.

Sou uma gota de sangue no rosto inocente

Sou a palavra sem som a ser pronunciada

Naquele discurso que não existe

Sou um pequeno poeta que anda triste.

Nem sei se ainda vou continuar existindo.

A solidão por andar sozinho meio à multidão

É forte demais e machuca meu peito por inteiro

E por isto vou navegando as cristas das ondas

Em busca de um amor verdadeiro

Que seja capaz de humanizar

Esse povo que só pensa em ganhar dinheiro.

Dou uma pitada crítica aqui,

Aponto um erro acolá

Dá-me vontade de nem existir

Tamanha falta do pensar

Que permeia nossa sociedade

Que só encontra a felicidade

Nas falsidades do olhar.

Tupaciguara – MG, 201

Aires José Pereira
Enviado por Aires José Pereira em 22/06/2024
Código do texto: T8091243
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