Ó meu amor...

Quando o amor desperta em corações ardentes,

Traz consigo tantos júbilos e dores latentes,

Pois há em cada encontro um risco velado

De ver-se ao fim com o coração despedaçado.

O doce beijo, um prelúdio tão encantado,

Pode em breve tornar-se amargo e calado.

E o olhar que brilha com tal fogo e paixão,

Pode, rapidamente, nos consumir em solidão.

Oh, amor, que enlaças corações gentis

Em laços afetivos doces e suaves canções,

Por que nos torna, às vezes, tão infelizes,

Deixando-nos em mares de perdições?

Ó amor de meu paraíso infernal,

Perdido entre prazeres e penares,

Teu toque, tão terno, torna-se letal

Nos trilhos traiçoeiros dos amares.

Tua chama arde, brilhante e intensa,

Mas traz consigo o frio da incerteza,

Pois em teu fogo há alegria e desavença,

E o êxtase, às vezes, se veste de tristeza.

És flor de luz em jardim de escuridão,

És doce veneno, és cura e perdição,

Serás tu a paz ou guerra do coração,

Que nos leva ao céu ou ao abismo em vão?

Ó meu amor de meu paraíso infernal,

Coração cativo, cruel em sua confusão,

Escravo de sentimento divino e animal,

Perdido em prazer e profunda prisão.

Ó meu amor de verão tão invernal,

Ardente como o sol em seu fulgor,

Amalgama de terra e céu, colossal,

Em teus braços encontro túmulo e flor!

Gilliard Alves
Enviado por Gilliard Alves em 19/06/2024
Reeditado em 19/06/2024
Código do texto: T8089107
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