Vinculos e suas datas de validade

Ao assinarmos contrato

De fraternidade uns com os outros

Nos chamamos de companheiros e

Camaradas, tecemos nossas frases

Com margens coladas, mas nunca

Sobrepostas, desenhamos linhas

Em chão de concreto, delimitando nossos

Espaços, nossas memórias andam

De mãos dadas, e quando erramos

É como cair em banco de areia aconchegante

Podemos esquecer nossos apelidos

Distanciar nossas frases, aumentar as

Linhas no chão e até mesmo criar memória

Separadas, mas é questão de tempo até

Nossos vínculos voltarem à normalidade

Pois a fraternidade tem data de validade

Indefinida, e o cultivo dessa aumenta ainda

Seu caráter indefinido

O romance, por outro lado

É um contrato de mutualismo, quase

Uma simbiose, não existe mais

Meu, seu, existe apenas o nosso

Um contrato assinado em suco vermelho

De hemácias, e a partir dele, nossas frases

São idênticas, viram a mesma malha de tecido

Costurada com linhas de cores diferentes

Nossas linhas delimitantes não existem

Na maior parte do tempo, e quando existem

São tão efêmeras quanto linhas desenhadas

Em areia, apagadas pela água do mar

Nossas memórias são compartilhadas

Sem clara definição do que pertence à quem

Dividimos a vida, a carne, a alma

E quando erramos um com o outro

É como uma queda em abismo escuro

Sem ponto final, apenas uma eterna descida

Um vínculo com data de validade

Pois não importa o quão bonita seja

A decoração da parede de vidro

Que simboliza o amor

Basta apenas uma pedra

Para provocar quebra contínua

Do que sempre construímos

Igual fissão nuclear

Propagando o calor resultante

De tanta paixão guardada e compartilhada

E agora perdida

Caio Lebal Peixoto (Poeta da Areia)
Enviado por Caio Lebal Peixoto (Poeta da Areia) em 15/06/2024
Código do texto: T8086297
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