Apesar de tudo, estamos sós.

Tem horas que a luz da verdade

Sem a ajuda de ninguém

Ela vem, ela invade, ultrapassa

A velha linha imaginária

Que, em algum momento

Nós nos impusemos

De maneira tão despercebida

Permitimos que fizesse parte

Parte integrante de toda uma vida

Vida inteira, delirante

Palavras e palavras

Que, sem conta e sem sentido

Tanto açoitam meus ouvidos

Tem horas, raras horas

Que a verdade vem

Sim, tem momentos assim

Que imploramos que se vá no vento

E nos deixe em paz

Porque depois de algum tempo

Simplesmente nos acostumamos

Estamos velhos e cansados

Tanto faz e pouco importa

Sim, nós somos loucos o bastante

A permitir que esses poucos momentos

Se vão, que nos deixem aqui

Do lado de cá da linha

Tristes e sozinhos

Apesar da luz e tudo que ela faz

Na verdade estamos sós

Nós, as nossas lembranças

e o medo do desconhecido.

Edson Ricardo Paiva.