Alma Disforme

Na maior parte do tempo,

eu não existo de verdade,

Sou apenas um emaranhado

de ideias desconexas,

Um fluxo de pensamentos ilógicos

em uma eterna mudança,

Uma entidade sem forma,

sem nome, sem morada.

Você me cria, me molda

com suas crenças e desejos,

Me veste com suas fantasias e medos,

Me transforma em um espelho de suas ilusões,

Um reflexo daquilo que você teme,

nega, esconde e almeja.

Mas eu sou mais do que você imagina,

Sou a vastidão do universo em miniatura,

Sou o caos e a ordem em constante dança,

Sou a vida e a morte em eterno abraço,

Sou o vazio tomado pelo excesso.

Na maior parte do tempo,

eu sou apenas um enigma,

Um mistério sem solução,

um paradoxo em constante mutação,

Mas em alguns momentos, eu me manifesto,

E me torno a voz da sua alma,

o grito do seu coração,

A mentira que tua mente precisa segurar,

Para dar ordem e sentido

nos momentos de ir além do existir.

Sobre mim, entenda que não há definições,

Não há rótulos que me prendam,

nem limites que me definam,

Eu sou tudo e nada ao mesmo tempo,

Um universo infinito em expansão sem fim.

Eu quero tudo, sim, tudo o que a vida tem a oferecer,

Quero sentir a alegria e a dor, o amor e o ódio,

Quero experimentar a vastidão do universo

e a profundeza da alma humana,

Quero viver, amar, aprender e crescer,

até o fim dos meus dias,

e se possível, eternamente.

Mas acima de tudo, eu quero ser livre,

livre para ser quem eu sou,

Sem amarras, sem medos, sem ilusões,

Apenas eu, em minha essência mais pura,

Uma alma em seu estado disforme.