REQUIEM PARA O SAGRADO
Fruto da miséria, da exploração,
A fé é consolo aos explorados,
Bálsamo ilusório à aflição,
Alívio a todos os desesperados.
Erguem-se igrejas e mesquitas,
Centros, templos islamitas,
Mosteiros, templos de devoção,
Refúgios da alma, ferido coração.
Padres, pastores, aiatolás,
Babalorixás, guias espirituais,
Imãs, rabinos, monges e brâmanes,
Líderes da fé, iludindo os mortais.
Enquanto os ricos se fartam na abastança,
Pobres aprendem a rezar com fervor,
Esperando recompensas, uma herança
Prometida, falso alívio para a dor.
Mas a fé, em mundos precários,
Como controle é usada sem pudor,
Mantendo os pobres submissos, solitários,
Enquanto os de cima exploram seu labor
A religiosidade arraigada
Pode amenizar, mas não muda a realidade.
Ah, se o ser humano despertasse
E visse além da divindade!
Que a salvação não vem de fora,
Mas da consciência e da razão.
Que a libertação, a cada hora,
É fruto da reflexão, de nossa ação.