O poeta está pleno de palavras

A alma transborda, arrebatada

Na urgência de engendrar versos

Em seu tear delicado e imaginário.

 

Mas os versos se partem, frágil porcelana

E ninguém se dá conta que outra poesia

Deixou de nascer, não verá a luz do ser

A poesia que hoje ninguém mais lê.

 

Escreva, sempre escreva, é o conselho

Que se dá aos poetas, sem receio

Enquanto vagam sem saber por onde

Os versos embolados nos bolsos da lembrança.

 

Ninguém mais lê poesia, é o que ora se diz

Nos cantos deste universo tão binário...

Os poetas estão deserdados, só descrença

Esqueletos esquecidos nos armários.