Nada a dizer...
O que eu digo?
O que direi?
Será que as minhas palavras serão lidas como uma prece,
um lamento,
um grito,
uma voz presa na garganta,
o som mudo de uma melodia triste?
E as palavras já sem sentido, desconexas,
sem poesia,
sem inspiração que ficaram perdidas,
vagando pelo meu inconsciente inundado
de vazio, vão ser algum dia decifradas e entendidas?
Elas terão tanto significado para você como
são para mim, tão fáceis como acordar, abrir os olhos, respirar e viver?
Acreditará nelas como uma fé, como um mantra, como um amor puro e inocente?
Faria delas seu guia, seu livro de cabeceira, sua música preferida?
As minhas palavras teriam créditos, valor, o preço mais caro a se pagar por um dia ter se embebido delas e provado do tão doce amargor do amor, afeto, raiva, mágoas que emanaram delas?
Seria capaz de concordar, dar vazão, razão, credibilidade a todas elas, desde as primeiras que foram jorradas do íntimo da minha alma,
da profunda cavidade do meu coração?
Não, jamais foi capaz de as ler, de as entenderem de fato, nem quando elas foram ditas com soluços e pesar...
Então não as escreverei, não as direi, não as farei ressuscitar ou regurgitar de minhas entranhas.