Tempo

 

Pode o tempo passar por entre minhas mãos

E retirar a beleza do meu corpo jovial.

 

Pode o tempo clarear meus cabelos,

Tornando-os algodões brancos como a neve...

 

Pode o tempo enrugar minha pele

E dar-me de presente suas marcas.

 

Pode o tempo retirar minha velocidade

E estacionar-me aos poucos em seus braços...

 

Pode o tempo turvar minha visão

E encostá-la em redemoinhos formados na solidão...

 

Pode o tempo subtrair minhas forças

E dizer, no espelho dos meus olhos,

Que já não sou o mesmo garoto de ontem...

 

O mesmo tempo, amigo dos homens e juiz legítimo,

Pode marcar meu corpo com seus traços...

 

Mas meu coração, repousando na flor da velhice

Ou na da juventude,

O tempo jamais poderá tomar...

Marcelino Gomes da Silva
Enviado por Marcelino Gomes da Silva em 24/05/2024
Código do texto: T8070682
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