Tempo
Pode o tempo passar por entre minhas mãos
E retirar a beleza do meu corpo jovial.
Pode o tempo clarear meus cabelos,
Tornando-os algodões brancos como a neve...
Pode o tempo enrugar minha pele
E dar-me de presente suas marcas.
Pode o tempo retirar minha velocidade
E estacionar-me aos poucos em seus braços...
Pode o tempo turvar minha visão
E encostá-la em redemoinhos formados na solidão...
Pode o tempo subtrair minhas forças
E dizer, no espelho dos meus olhos,
Que já não sou o mesmo garoto de ontem...
O mesmo tempo, amigo dos homens e juiz legítimo,
Pode marcar meu corpo com seus traços...
Mas meu coração, repousando na flor da velhice
Ou na da juventude,
O tempo jamais poderá tomar...