No corpo da poesia

É no corpo

que as letras

que escorrem

regozijam

queimam

tatuam e

ferem

E é no corpo

que palavras

silabadas

premeditadas

fazem do tema

o dilema:

quem "sois", afinal

poeta sutil

que escrivinha

e dilacera

a carne quente

inclemente

e depois assopra

ao vento

(sem sentimento ?)

o quão tuas letras

traduzem teu cerne

ateando aquele corpo

e aquecendo um coração...

Por que será que poetas

fingem de si, pra nós

(apertando os nós)

do amor que (não) sentem

da dor que lhes transcende

ao remediá-la no papel?

E se a poesia, essa bandida

fosse apenas um... nada

a motivar tamanho ardor

o que fazer das letras

ora torpes

ora tão belas

(ou mera utopia)

a desdenhar do que

um dia

foi mais do que

paixão?

Que tela é essa, que

em sentires, pintada

faz do corpo, a arte

e da poesia,

a retidão?

Ao poeta, as respostas

ao corpo, da poesia

alguma cura,

d'alguma confusão.

Luzia Avellar
Enviado por Luzia Avellar em 23/05/2024
Reeditado em 24/05/2024
Código do texto: T8069861
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