No corpo da poesia
É no corpo
que as letras
que escorrem
regozijam
queimam
tatuam e
ferem
E é no corpo
que palavras
silabadas
premeditadas
fazem do tema
o dilema:
quem "sois", afinal
poeta sutil
que escrivinha
e dilacera
a carne quente
inclemente
e depois assopra
ao vento
(sem sentimento ?)
o quão tuas letras
traduzem teu cerne
ateando aquele corpo
e aquecendo um coração...
Por que será que poetas
fingem de si, pra nós
(apertando os nós)
do amor que (não) sentem
da dor que lhes transcende
ao remediá-la no papel?
E se a poesia, essa bandida
fosse apenas um... nada
a motivar tamanho ardor
o que fazer das letras
ora torpes
ora tão belas
(ou mera utopia)
a desdenhar do que
um dia
foi mais do que
paixão?
Que tela é essa, que
em sentires, pintada
faz do corpo, a arte
e da poesia,
a retidão?
Ao poeta, as respostas
ao corpo, da poesia
alguma cura,
d'alguma confusão.