Na montaria do tempo
Na montaria do tempo
A gente, quando nasce,
Nos brindam duas sortes:
A vida como passageira
E o tempo por transporte.
Ela ao tempo bem firme
Se apega, se agarra
Às cordas do destino
E ao tempo se amarra
Com nós cegos e justos
Para que não aparte
Antes do tempo a fração
De que ela é parte,
Pois o tempo é cavalo
Automático sem arreio
Correndo em desatino
Sem o pedal de freio.
E nessa jornada doida
Que estamos de passagem,
Ganhamos a própria vida
Como provisão e bagagem,
Sem placa de advertência
Nem tempo de parada,
Por isto qualquer descuido
Pode ser o fim da jornada.
Mas haverá um dia
Nesse tempo vadio
Que tudo fora (em vão)
Se fora o desafio.