Apatia
Apatia
Num limbo de incertezas e desistências,
Entre o voo e a queda, sem chão ou céu para descansar,
Apenas encaro o abismo que nos resta,
Sem emoção e sem nenhum pesar.
Percebes tão bem o desconforto latente e a minha frieza,
Sabes que não sou o teu lugar, então, por que não te retiras?
Se queres brasa e eu sou gelo,
Se não compartilhas do que me habita,
E te assustas com a minha estranha natureza.
Que traz nas entranhas uma saudade que eu nem sei de quê,
E que por mais que eu facilite a letra, não consegues ler.
Faço-me chuva, para não terminar deserto,
Sofro dos excessos que guardei,
Calo meus medos, perco o juízo,
Semeio sonhos em segredo,
Num vislumbre do que fui ou ainda quero ser.
E assim eu sigo, não sofro, não sinto,
não morro, mas também não vivo...
Até quando?