POEMA SATURNINO
O círculo rebelou-se.
Rompeu a completude assente
para tornar-se metade,
interrogante e vivente.
O círculo perfeito
olhou a perfeição cíclica do sol
e disse: "Não!
Não à impossibilidade do caminho,
sem volta ou partida,
começo e fim
num só lugar.
Quero a estrada dividida.
Quero o findar
e o recomeçar”.
Assim falou o círculo
à perfeição cíclica do sol.
O deus beijou-lhe a fronte
e deu-lhe, do fundo da algibeira,
as duas bandas do mistério:
o círculo e sua sombra,
musa e companheira.