poeta de nada
Eu me vejo seguindo o mesmo caminho
(essa casa é assombrada)
Eu não sento mais para escrever
Faz meses que não completo um caderno
Como uma vez prometi ao Grande Poeta
que nunca faria igual
Aqui estou calçando seus sapatos novamente
Não mais para andar pela casa me sentindo gente grande de escritório
Mas apenas para descobrir que estão do meu exato tamanho
Puxo minhas roupas, sacudindo o sentimento para fora
Sinto um desespero abafado, um grito que ficou
Foi o mundo que diminuiu ao meu entorno ou fui eu que pisquei pouco?
O mundo cresceu ao meu entorno ou fui eu que me mantive tão tolo?
Os poemas pueris viraram poeira
E o trocadilho tão sábio de outrora
Também me assusta agora
Vivo escrevendo minhas próprias profecias autorealizáveis
(E repetindo rimas ruins só porque são usáveis)
Então lembro da minha promessa, como mais uma tormenta em voz de sussurro
que nunca faria igual
O tempo me fez esquecer que esse juramento se referia a nunca perder,
meus escritos e o hábito de...
(?)