MONTANHA DE ILUSÃO SILENCIOSA

No cume da montanha mais alta, onde a vista se perde no céu,

Contam histórias de reis, ou de um só rei, que ali resideu.

Dizem que nos amavam, que nos protegeriam, com força e poder,

Trazendo paz e fartura, lar e aconchego, saúde a florescer.

Em tempos de aflição, seríamos amparados, jamais abandonados,

Mas sob leis estritas, deveríamos viver, em constante gratidão.

Parte do que tínhamos, em oferenda entregar,

Sacrifícios, súplicas, louvores entoar, para os céus alcançar.

Acreditamos, com fé cega, em promessas vazias,

Enquanto a terra tremia, sob fomes bravias.

Campos em chamas, ventos devastadores,

inundações sem pausa para recuperar o que tinha perdido,

Doenças e morte, ceifando vidas, em um sofrer sem fim.

A maldade se espalhou, como um manto negro e cruel,

E o rei da montanha, em seu silêncio, nada fez para o fiel.

Nem um gesto de compaixão, nem um mísero olhar,

Apenas o eco do vento, em seu trono a sussurrar.

Acima da montanha mais alta, onde a esperança se perdeu,

Apenas a dor e o luto restaram, em um reino que pereceu.

A promessa de salvação, um mero conto de fadas,

E o povo abandonado, à mercê das intempéries e das feridas.

Restou apenas a lembrança, de um passado enganoso,

E a dura realidade, de um presente doloroso.

A montanha silenciosa, testemunha da fé traída,

Um símbolo da ilusão, para sempre esculpida.