Tatuagem a fio
Nunca feliz
ponta da faca
na poça da tinta-da-latinha (!)
(no que escrevo)
Mas tu (...)
tu és o Sol
(Distante) virtual
entre parênteses (!)
Meus dias (...)
amantes
Cortam-me feito vidro
aquilo que não me toca
e vejo passar
Se um raio
viesse tatuar com laser
as palavras taquigrafadas
na curvatura de meu coração (...)
ah (!) Eis que eu aguentaria a dor
pois quero sim a tua inscrição (...)
o êxtase da beberagem sagrada (...)
não importa o amargor (!)
Mas eu também
desconheço a luz
Há entre ti e mim
uma nuvem
A nuvem que separa a filha de Cibele
da Terra de Proserpina
e onde caminho sem parar
A nuvem que separa Osiris de Seth (...)
a bela da fera (...)
e a genialidade
de um rude poeta
Perdoa quem nasceu
dentro de um repolho
de folhas de vidro verde
e te venera (!)
Perdoa quem viu a fonte da beleza sem
inteira tê-la visto
e subestimou o que agora leio
releio e insisto
Perdoa pois eu nunca brinco (!)
(de coração) (!)
Por isso apago e pago
nada sendo
Há coisas sentidas
(mesmo desconhecidas)
que não se pode dizer que não
.